sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O Natal nos EUA

Principal berço da sociedade de consumo, os Estados Unidos valorizam o Natal da maneira mais ampla possível. Curiosamente, não se trata do feriado mais importante para os americanos - o Thanksgiving (terceira quinta-feira de novembro) tem o costume de unir mais as famílias em torno de um ritual de agradecimento, sem vocação religiosa. Apesar disso, o país conta com um conjunto de tradições natalinas interessantes que marcam a época de maneira única e intensa.

O Natal por aqui começa por volta de setembro, quando já é muito comum encontrar nas lojas de departamento os enfeites e produtos típicos. A passagem definitiva ocorre justamente após o Thanksgiving, quando as famílias se reúnem para organizar a casa. Essa etapa é considerada muito importante, pois é quando a magia do Natal renasce a cada ano para as crianças. Elas ajudam os pais a enfeitar árvore, normalmente comprada em fazendas de pinheiros naturais dias antes, e a cozinhar os gingerbread cookies (biscoitos doces à base de massa de gengibre, igualmente usados para enfeitar a árvore). Os nutcrackers (quebra-nozes) também fazem parte da decoração.



Também é geralmente nessa ocasião em que os pequenos penduram suas meias (os stockings) na lareira - normalmente são preenchidas com balas, chocolates e pequenos materiais de papelaria - começam a fazer o Calendário do Advento, que inaugura a contagem regressiva para o dia 25, e escrevem suas cartas pedindo os presentes para o Papai Noel. Como parte dos preparativos, as crianças ajudam a montar e decorar a gingerbread house, um kit que incluiu uma casa à base desses biscoitos, ornamentadas com balas, jujubas e glacê. Nós temos o hábito de fazer a coroa do Advento, mas não sei se a maioria das famílias americanas também faz. 



Nos EUA, há crianças de 10 anos que acreditam, de fato, na existência do Bom Velhinho e de todo o seu ritual: na madrugada de 24 para 25, o Santa Claus sobe no telhado, desce pelas lareiras das casas (acessório presente em praticamente todas elas) e coloca os presentes ao pé da árvore. Tanto que, no dia 24, os pequenos costumam deixar um copo de leite e um pratinho de biscoitos em cima da lareira como gesto de gratidão ao glutão de roupa vermelha. No dia 25, pela manhã, as crianças, ainda de pijama, se dirigem a árvore e --pumba! - os presentes estão lá, e o copo de leite, vazio, e, dos biscoitos só sobram os farelos. A mise-en-scène tem de ser perfeita...

O mito do Papai Noel também gira em torno da expectativa de as crianças saberem se, de fato, terão os pedidos da carta atendidos. Para aqueles que tiverem se comportado ao longo de todo o ano (the nice kids), os presentes desejados terão sido entregues. Agora, para os desobedientes (the naughty kids), o Santa Claus deixa um pacote com uma... pedra de carvão! O fato de alguns pais levarem isso realmente a sério (e de também não carregarem suas crianças durante as compras de Natal) ainda gera ansiedade e contribui para perpetuar a magia.
Como consequência disso, o Natal por aqui é celebrado pelas famílias com um almoço tardio (14h-15h) no dia 25, em que normalmente é servido peixe, e não peru. 

Nas escolas, o Natal é normalmente celebrado com uma cerimônia simples no auditório, em que as crianças costumam cantar as tradicionais canções natalinas americanas. Depois, é servido um café da manhã. São igualmente lembradas celebrações realizadas por outras religiões na mesma época, com o hannukah (judaica) e o kwaanza (afro-americana). A escola também expõe decorações que remetem a essas festividades.


· Lívia Lima é mãe da Carol, de 6 anos, e mora há 4 em nova York. Incorporou alguns costumes americanos sem esquecer dos brasileiros. Vive a vida com uma leveza invejável e conta um pouco da sua experiência como mãe expatriada no blog www.coisasdecarolinda.blogspot.com.

6 comentários:

  1. Lívia, uma coisa que me surpreendeu positivamente aí em NY foi como as crianças são muito mais crianças, são infantilizadas e não adultizadas. Como no Brasil há um movimento forte de adultização, sem que muitos pais percebam, eu achava que ia encontrar a mesma coisa aí, mas, que nada, ainda bem que aí criança é criança, e pode ter fantasia e acreditar em Papai Noel até ficar grandinha.
    Aqui na Eslovênia também não comem peru no Natal, preferem peixes e comidas leves. Achei que aí comessem, porque os ingleses comem, né?
    Beijos

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  2. Que texto gostoso de ler!Sou bem curiosa a respeito do costume por ai pois nunca fui visitar os EUA, e fico fantasiando nos filmes de natal americano como deve ser aconchegante todo o ritual e credençA.
    Li o comentàrio da Paloma e fiquei surpresa pois achava que as crianças nos EUA fossem mais consumistas que as brasileiras!O MI é demais por isso, cada participaçao acrescenta conhecimento de mundos diferentes!
    Bjs!

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  3. Muito bom!
    Q legal saber q as crianças ai são crianças por mais tempo mesmo!

    Obrigada por dividir com a gente, Livia!

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  4. Paloma, obrigada pelo convite (e apresentação, adorei o leveza! rs) É muito bom poder contribuir em um blog tão útil pra nós, que estamos longe de tudo e de todos e que encaramos os desafios da vida com muita coragem e audácia!

    Daphne, as crianças aqui nos EUA não são assim tão consumistas como dizem. A verdade é que o brinquedo aqui é muito barato então não é raro vc encontrar uma criança de classe média que tem os brinquedos da moda, mas acho que os pais americanos são muito preocupados com a diversão outdoor. Talvez pq aqui em NY o verão seja curto. Os pais americanos estimulam muito um passeio de bicicleta, picnic no parque, caminhadas...

    De nada Lu, o prazer foi todo meu! Sim, as crianças americanas são muito infantis e eu acho isso ótimo. É muito comum crianças de 12 anos que ainda curtem parquinho, por exemplo.

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  5. Estamos familiarizados com os rituais de natal dos EUA por causa da tv, mas é sempre bom ouvir em primeira mão de uma pessoa que vive no local e tem outra perspectiva da coisa. Será que tem pais que realmente dão carvão para os filhos? hehehe

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  6. Adorei o relato Lívia!
    Tão bom saber que a imagem que temos do Natal ai não é a realidade.
    Beijos

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