quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Pequenas mudanças que fazem toda a diferença



As últimas semanas têm sido marcadas por comentários sobre a alimentação infantil na blogosfera materna no Brasil. O documentário Muito Além do Peso tem promovido uma saudável discussão e tem servido de alerta a muitas famílias que achavam que a alimentação em casa estava em dia e que liberar doces e guloseimas para as crianças era parte da infância. Pois bem, estou vibrando com esse burburinho, porque já era hora das pessoas saberem um pouco mais sobre açúcar invertido (xarope de milho), conservantes, corantes, aromatizantes, gorduras e produtos industrializados que estão na despensa da maioria dos lares! Eu sou meio entusiasta desse assunto já faz alguns anos, mas evito ficar falando sobre isso o tempo todo porque não quero ficar parecendo uma chata (pelo menos não logo de cara…).

Aqui em casa as mudanças na nossa alimentação começaram ainda no Brasil, muito antes da Isabella nascer. Me interessei pelo assunto porque queria uma alimentação mais saudável e porque realmente acredito que somos o que comemos. Comecei lendo um livro e depois outro e depois outro… E não parei mais. Ainda não acho que estejamos no ideal, mas hoje vejo o quanto comemos com muito mais qualidade e como isso tem feito a diferença no nosso estilo de vida e na nossa saúde.

Pois bem, toda essa enorme introdução para compartilhar aqui algumas dicas simples de mudanças que funcionaram por aqui e que todo mundo pode tentar em casa, aos poucos e em família.

Orientações gerais:

- Comer bem não tem nada a ver com produtos diet ou light. Uma boa alimentação envolve aquilo que é comida de verdade, saborosa e passando por todos os grupos alimentares (incluindo até sobremesa, claro!).

- Para saber o que deve ser maioria no seu carrinho de supermercado, procure aquilo que realmente for comida, que tenha poucos ingredientes, que você saiba o que significam. Por exemplo: frutas, carne, leite e frutas são comida. Um pacote de bebida láctea a base de ingredientes e corantes naturais (o que quer que isso signifique) é só um monte de produtos químicos. O melhor é escolher algum iogurte natural e adoçar com mel ou frutas em casa mesmo.

- Aprenda a ler os rótulos dos produtos que você compra. No começo é chato, leva tempo, mas aprenda a identificar que açúcar invertido (corn syrup / xarope de milho), óleo de palma, excesso de sódio, glutamato monossódico, conservantes, corantes e aromatizantes em geral estão em sua maioria ligados a problemas de saúde a curto e longo prazo.

- Prazos de validade longos em alimentos processados são um sinal de alerta… Comida estraga! Se há algo que tem um prazo de validade muito longo, adivinhe o que tem lá dentro? Um monte de conservantes para fazer aquilo durar mais tempo.

- Aprenda a tirar proveito do seu congelador ou freezer. Eu sei que cozinhar dá trabalho e a maioria das pessoas não cozinha em casa todos os dias, mas o resultado final é sempre muito melhor do que qualquer comida pronta. Então, quando for para a cozinha, já faça logo algo em quantidade, justamente para congelar o que sobrar e ter outra refeição pronta a mão quando estiver sem tempo.

- Dê uma olhada na lista dos ingredientes para saber o que está comprando. O primeiro ingrediente listado nos rótulos é aquele que está presente em maior quantidade no produto. Então, se estiver na dúvida e ler que a primeira coisa que aparece é algum açúcar, abra o olho.

- Descubra as feiras do seu bairro. O Brasil é privilegiado e é possível encontrar frutas e legumes frescos em todas as estações. Nas feiras dá para comprar produtos locais por um bom preço em um ambiente envolvente!

Algumas substituições simples de serem feitas:

- Troque o salgadinho industrializado por pipoca. Não aquela de microondas, mas pelo milho que você estoura na panela ou na pipoqueira. Vale até temperar com algo diferente, como parmesão ou manteiga.

- Troque o iogurte processado por iogurte natural. Mas leia o rótulo, porque algumas marcas acrescentam espessantes e gelatina a algo que deveria ser só leite e culturas bacterianas… Deixe para incrementar seu iogurte em casa, o sabor é muito melhor e você já se livra de um monte de besteiras.

- Outras boas opções de lanches são castanhas, frutas, passas e queijos.

- Troque o refrigerante e os sucos de caixinha por água, chás ou sucos feitos em casa.

- Arrisque fazer em casa algumas opções tradicionalmente artificiais como nuggets de frango (muito simples de ser feito com peito de frango e farinha de rosca), sorvete, picolés, geleias e pães (aqui usamos bastante a máquina de fazer pão). Você pode se surpreender como o processo é mais simples do que você imagina e o resultado é muito mais saboroso.

- Troque a margarina por manteiga. Margarina não serve para absolutamente nada… É é um daqueles produtos que entra na categoria dos que não estragam. Pense bem, se você deixar um pote de margarina aberto por meses na sua casa, nada vai acontecer… Nem mesmo uma mosca vai querer chegar perto. E você vai comer isso para quê?

- Troque os chocolates recheados e confeitados por chocolate ao leite puro ou chocolate amargo. Eu sou uma chocólatra assumida, mas já percebi que normalmente o chocolate puro é muito mais gostoso.

- Troque o cereal matinal cheio de açúcar das crianças pelas versões naturais e deixe para adoçar em casa, se for o caso.

- Para quem tem crianças que não comem verduras e legumes: aprenda a enriquecer os pratos, para as crianças irem provando aos poucos. Um pouco de abobrinha ralada e espinafre no omelete, brócolis ou cenoura ralada no arroz, beterraba ou abóbora no feijão e aos poucos vamos mudando o paladar!

Bem, o assunto é muito extenso e eu não quero que o texto fique mais longo do que já está. Mas que tal vocês compartilharem algumas dicas de alimentação aí nos comentários?


Esse texto foi recentemente publicado pela Patrícia, no blog Patitanto. A Patricia mora no Canadá, tem uma filha linda e está esperando seu segundo bebê. É com uma mistura de alegria e drama que vem descobrindo a realidade da vida de mãe, esposa e imigrante em um país que ama e cada dia sente como um pouco mais seu.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O que fazer com as crianças em fevereiro... no Canadá!

Por diversos motivos - de férias coletivas a inverno brabo -, não conseguimos fazer a Blogagem Coletiva de janeiro, mas a Adriane Jungues, uma das nossas mais novas colaboradoras, fez um texto tão bacana que vale ser publicado hoje. Substituímos janeiro por fevereiro (afinal, o clima é o mesmo, se não mais frio). Enquanto no Brasil, mães e crianças estão no auge do calor, se preparando para o maior ziriguidum neste Carnaval, no Canadá a vida está assim:



Neste mês o assunto não podia ser mais oportuno: o que fazer com as crianças em fevereiro?
No meu caso, com a nossa Alice com quase 16 meses, este mês, além de significar frio do caramba, neve e dias curtos, significa energia, habilidade de correr e entusiasmo sem fim.

Tem dias que eu fico em casa mesmo. Não tem como ir ao parquinho aqui perto de casa ou passear pelo bairro de carrinho, além do frio, a neve acumulada no chão deixa o trajeto incirculável. Tento diversificar as atividades com ela aqui por casa mesmo, brincamos um pouco ali, um pouco lá, tento fazer algumas coisas úteis enquanto ela assiste um pouco de TV, ela brinca com o tablet (É! Já!!) e por aí vamos.

Em outros dias, saio de casa com a temperatura que tiver, mesmo que seja como os -18ºC desses dias... Nas quintas-feiras é dia sagrado de piscina. Alice adora e é uma excelente forma dela se exercitar e de distrair. Senão, vou pro mercado e deixo ela circular, vou para o shopping ou pros playgrounds do Mc Donald's (que são gratuitos e garantem uma meia hora de entretenimento no momento). Queremos também adquirir um trenó para puxar dona Alice bairro afora (logo...), mas enquanto isso levamos ela lá fora pra se acostumar com a neve, fazemos de conta que ela está nos ajudando a tirar a neve da frente de casa...



Quando Alice crescer um bocado, poderemos explorar os playgrounds internos que existem aí por Ottawa e Gatineau. Eu ainda não fui, mas inverno que vem serão testados com certeza. Também poderemos esquiar, patinar e as praticar as demais atividades das famílias canadenses.

Enquanto estamos limitados nas atividades ao ar livre, olha o que a gente acaba inventando:



Adriane Jungues - Casada, mãe da pequena Alice, mora no Canadá desde 2006. Após uma temporada em Ottawa, hoje mora em Gatineau, Quebec. Escreve o http://newhomecanada.blogspot.ca

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

2 de Fevereiro foi dia de... crepe! Chandeleur e as tradições francesas


Os franceses seguem um curioso ritual gastronômico após as festas de Natal. Em janeiro, em razão do Dia de Reis, come-se a galette de Rois, que é uma espécie de torta de massa folhada recheada com pasta de amêndoas, a frangipane. Fizemos várias galettes durante o mês de janeiro e nos divertimos para ver quem pegaria o pedaço que continha a “fève”, que é um brinquedinho – que pode ser de plástico ou porcelana - que fica escondido dentro da torta. O felizardo e sortudo que encontra a "fève", tem o direito de ficar com a coroa de rei, feita de papel, biên sûr!

E em fevereiro, mais precisamente no dia dois, comemora-se a Chandeleur, que é a festa, a comilança do crepe!

Chandeleur vem da palavra chandelle e esta, por sua  vez, vem da expressão latina "candelarum". No culto católico religioso – seguido pelos mais antigos, acredito - a festa da candelária é aquela onde as velas são acesas à meia noite para simbolizar a purificação de Cristo.

Claro que por trás da tradição religiosa, tem a historia e origem pagã… Entre os romanos, a tal da “Lupercalia” era comemorada no dia 15 de fevereiro, inspirada nos festivais “Lupercus”, deus da fertilidade e dos rebanhos. Já os antigos celtas festejavam o Imbolc no dia primeiro de fevereiro. Eles comemoravam a purificação e a fertilidade decorrentes do fim inverno.

Tochas eram acesas e campos eram percorridos em procissão, para que a terra, o solo fosse purificado antes da semeadura. Mais tarde a Igreja Católica tratou de substituir as tochas pelas luzes das velas acesas dentro das igrejas. Isto lembraria Cristo como sendo a luz do mundo. O rito pagão ganhou o nome de Purificação da Virgem.

E o crepe? Onde é que entra nessa historia toda?



O crepe tem a forma arredondada e sua cor dourada lembraria o sol. Talvez esteja ai a explicação para que eles sejam feitos justamente no dia dois de fevereiro, momento do ano no qual os dias – ainda bem! – começam a ficar mais longos.

Há esperança de que o sol voltará a brilhar. É igualmente nesta época do ano onde começariam as semeaduras das futuras plantações. Serve-se da farinha armazenada para fazer os crepes, que simbolizariam a prosperidade do ano que vira pela frente.

Evidente que, nos dias atuais, o ritual pagão e católico serve para explicar o significado e o contexto histórico da palavra Chandeleur. Entretanto, hoje, o que importa, é comer um bom crepe! Doce ou salgado, recheado ou não, o dia não pode passar em branco!

Se você quiser ter um dia bem afrancesado na sua casa, pode arriscar nessa receita ultra básica:

250 g de farinha
3 ovos
1/2 pacote de fermento (equivalente a uma colher de sobremesa)
1 pitada de sal
1/2 litro de leite
3 colheres de sopa de água (para dar mais leveza à massa)
Modo de fazer:
Misture a farinha e o fermento dentro da saladeira
Acrescente os ovos, um a um
Acrescente o sal
Misture esses ingredientes com a ajuda de um fouet
Acrescente o leite e a água aos poucos e termine de misturar os ingredientes com a ajuda de uma batedeira, assim a massa ficará leve e aerada
Aqueça a frigideira com um pouco de óleo ou manteiga
Com uma concha (dessas de feijão) despeje a massa no centro da frigideira até ficar um redondo uniforme
Tome o cuidado para que a massa não fique grossa

E, o delicioso resultado será este:


Bon appetit, bonne Chandeleur!

Ana Paula - Nasceu em Curitiba mas o trabalho a levou a Brasilia, cidade que ama. Conheceu o marido, que ja morava em Paris, apaixonou-se e aceitou viver uma outra vida. Foi a maior e melhor mudança que poderia ter lhe acontecido. É mãe de uma menina linda e esperta e escreve o Journal de Béatrice - www.journalbebe.blogspot.com

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Kidzania Santiago: um dia na cidade dos pequenos


Há algum tempo comecei a ler sobre o Kidzania. A maioria das pessoas falava maravilhas da experiência e algumas pessoas criticavam o fato de TUDO ser patrocinado, e assim as crianças ficam sujeitas a todo o marketing das grandes empresas. Em nossa última viagem a Santiago, Chile, decidimos que levaríamos o Guilherme e meu maior receio era que o programa fosse cansativo (aborrecido) para os pais e o Felipe, pois tinha certeza que o Guilherme ia gostar. Com o marido havíamos já combinado como proceder em caso de “emergência”.

Os ingressos são vendidos por turnos, manhã (9:00 às 14:00) e tarde (15:00 a 20:00), e até os oito anos as crianças têm que estar acompanhadas de um adulto. Maiores de oito anos podem ficar sozinhas dentro do parque, mas um adulto tem que ir, fazer um registro, e depois tem que ir retirar a criança. Menores de dois anos não pagam, adultos pagam 7.100 pesos chilenos, crianças entre 3 e 17 anos pagam 10.900 pesos chilenos, crianças entre dois e três anos e adultos com mais de 60 anos pagam 5.450 pesos chilenos. Adultos não entram se não estão com uma criança. Cada criança recebe 50 kidzos (o dinheiro de kidzania) para iniciar as atividades. São três os tipos de atividades: as voluntárias (a criança não recebe nem paga
nada), as remuneradas (a criança recebe um salário) e as pagas (a criança compra a atividade).





Compramos os ingressos online (é preciso fazer um cadastro), mas tem uma bilheteria na entrada. Chegamos para a abertura, assim o Guilherme poderia aproveitar ao máximo. O Kidzania fica no subsolo do Parque Araucano, atrás do Shopping Parque Arauco, na comuna Las Condes. Como estávamos de carro, estacionamos no shopping, mas no Parque também tem estacionamento. Na entrada, todos recebemos um pulseira que é usada para controlar o ingresso no parque e a participação das crianças nas atividades.

A primeira atividade foi a parede de escalada, uma atividade paga (custa 10 kidzos) e dura 10 minutos. Guilherme curtiu muito subir pela fachada de um prédio. Depois ele decidiu que queria ser construtor e recebeu 10 kidzos para levantar um muro. A atividade durou 15 minutos. Quase ao lado estava a Delegacia de Polícia, e foi a vez de ele aprender um pouco sobre o trabalho dos policiais. Como policiais, as crianças trabalham em duplas e saem com uma missão. Na hora de voltar, o “delegado” chama as crianças pelo celular que elas recebem. Nós acompanhamos de longe a atividade.

Ele trabalhou na Clínica Veterinária e achou o máximo poder tocar a píton e ver outros animais. Entre uma coisa e outra, decidiu gastar um pouco do dinheiro e fez uma tatuagem. Como bombeiro, ele ajudou a apagar um incêndio. Depois foi a vez de trabalhar em uma emissora de TV, ele foi o entrevistado e o tema da entrevista era a ceia de Natal (os pais babões compramos o vídeo, que é pago com pesos e não kidzos). A última atividade do dia foi uma aula de culinária, ele fez uma torta que, segundo o pai, estava deliciosa.

Em Kidzania, há uma sala para alimentar os mais pequenos e com poltronas super confortáveis para amamentar. O único problema é que a sala é muito iluminada e não rolou aquela soneca do Felipe depois de mamar. E tem fraldário também. Para crianças até três anos, são duas as atividades, quando passamos por lá a escolinha já estava fechada e a sala de personagens já estava sem monitoras, mas por sorte estava aberta e o Felipe pôde brincar um pouco.

No fim do dia, é hora de gastar o dinheiro. Na verdade, dá pra levar o “apurado” pra casa, mas como sequer moramos em Santiago, melhor mesmo ver quanto vale o suor do pequeno. No parque, existem algumas maneiras de as crianças gastarem seus kidzos, além de algumas atividades que são pagas, existem duas lojas, uma Falabella e um Mercado de Pulgas. Na primeira, estão as opções mais caras; já a segunda esta repleta de besteirinhas mais em conta. Várias crianças e adolescente trabalham em qualquer atividade para juntar dinheiro e poder gastar em brinquedos mais caros - convenhamos que no mundo dos adultos também é assim.

O lugar é bem realista, mas é uma pena que não tem nada de luz natural. A questão da publicidade não me incomodou tanto quando eu pensava; na verdade, naquele momento meu filho foi submetido a tanta propaganda quanto numa ida ao shopping ou um passeio pelo centro da cidade. O único momento em que eu achei que ele podia passar sem foi o vídeo do patrocinador do espaço de construção, porque não tinha nenhuma relação com a atividade que iam fazer.

Na página na internet, é possível baixar o mapa do lugar e nele estão todas as atividades. Antes de ir , sentamos com o Guilherme e fizemos uma lista de atividades que ele queria fazer. Claro que depois de ver o lugar, ele quis mais, mas ajudou a manter o foco. Algumas atividades exigem que a criança saiba ler e escrever com fluência. Pessoalmente, acho impossível fazer tudo em um dia (dois turnos), mas imagino que os adolescente conseguem. Uma coisa interessante é que no segundo andar tem um café onde criança não entra, com acesso a internet e silêncio! É o que dizem, por que eu não entrei

O franquia Kidzania é mexicana e, além do México, está no Japão, em Portugal, no Dubai, no Chile, na Malásia, na Coreia e em breve no Brasil, na Tailândia, Kuwait, Egito, Arabia Saudita, Turquia, Índia, Cingapura, Rússia, Filipinas, Inglaterra e Estados Unidos. As obras em geral são demoradas e algumas dessas filiais só devem ser inauguradas em 2015.

Para mais informações: www.kidzania.com

Neda Blythman De Figueirêdo - Cearense de nascimento e brasiliense por opção, já morou na Noruega, em Cabo Verde e agora está estacionada na Argentina. Tem dois filhos, Guilherme e Felipe. Seu blog é: www.casinhadesape.blogspot.com


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A Itália que pedala com estilo


Que a Itália respira moda é lugar-comum. Que é um dos principais pólos mundiais de design de roupas e acessórios também é de conhecimento público. Do que eu não tinha a menor ideia quando cheguei aqui, em 2008, é que encontraria ciclistas que quebram paradigmas e utilizam a bicicleta não apenas para lazer e sim como meio de transporte cotidiano, vestidos com muita elegância e causando la bella figura* como eles mesmos costumam dizer.

Eu ainda não conhecia este lifestyle quando fiz por acaso a primeira foto cycle chic  logo  de chegada no bel paese. Foi em Florença  ao fotografar a  histórica catedral Duomo. Naquele exato instante passou um senhor com muito estilo pedalando  de terno gravata. Fiquei fascinada com a cena e, a partir deste registro,  comecei a fazer fotos desta tendêcia de comportamento.

Sim, o movimento cycle chic é trend e teve início em 2006 em Copenhagen, quando o cineasta e fotógrafo  dinamarquês Mikael Colville Andersen criou o blog Copenhagen Cycle Chic, compartilhando na web a cultura eco chic e disseminando a ideia que qualquer roupa que você usaria como pedestre também pode ser usada para pedalar.

Ele é considerado  The Sartorialist em 2 rodas  e retrata ciclistas fashions pelas ruas de Copenhagen, onde a bicicleta é ferramenta de mobilidade  no sentido pleno do termo. O cicloativismo cool em pouco tempo tomou conta da Europa e hoje tem adeptos em todas as partes do mundo.

Aqui na Itália  o movimento é além da moda, a bicicleta é pauta importante na politica ambiental do país e  da Secretaria de Urbanismo e Planificação da Mobilidade dos Municípios, tanto que o governo planeja  e executa anualmente inúmeras ações  referentes a este meio, que foi eleito pela ONU como o transporte ecologicamente mais sustentável do planeta.

Diversas prefeituras italianas disponibilizam  bicicletas à população para serem usadas a partir das 6:00 h até 20:00 h, mediante a um pagamento simbólico de uma taxa por mês. Existe também uma competição  anual entre as cidades italianas, a Giretto d'Itália.

O desafio consiste em passar o maior número de ciclistas nos sensores monitorados durante 24 horas. As cidades ganham pontos cada vez que passa uma bicicleta, bônus quando passam pedestres e ônibus ecológicos  - e são penalizadas quando passam veículos motorizados. É desta forma a contagem para saber as cidades italianas com maior número de ciclistas. Elas são divididas em três grupos de cidades, a depender do número de habitantes.

Outra iniciativa super interessante, que nasceu para difundir a cultura cycle, é um concurso chamado 'Al Lavoro in Bicicletta'*, que incentiva o uso da bike para ir ao trabalho durante dois meses da primavera, época que faço mais fotos para o site Italian Cycle Chic.

As mulheres italianas são super habilidosas ao pedalar de salto, e os homens desfilam com suas gravatas chiquérrimas no clássico estilo made in Italy. Eu adoro: é elegante, politica e ecologicamente correto, de vanguarda, queima calorias ao invés de petróleo e dá para ser ativista sem descer do salto, literalmente. Tomara que essa moda pegue no Brasil!

Na sequências fotos feitas por mim do lifestyle cycle chic.






















 Fotos: Joice Preira

Para conhecer os países que possuem blogs e sites de cycle chic, basta acessar o Copegnhagem Cycle Chic, que possui a lista inteira.

* Boa impressão
* Ao Trabalho de Bicicleta


Joice Preira Giacomantonio.- Escreve no www.avidadagravida.blogspot.com