Os franceses seguem um curioso ritual gastronômico após as festas de Natal. Em janeiro, em razão do Dia de Reis, come-se a galette de Rois, que é uma espécie de torta de massa folhada recheada com pasta de amêndoas, a frangipane. Fizemos várias galettes durante o mês de janeiro e nos divertimos para ver quem pegaria o pedaço que continha a “fève”, que é um brinquedinho – que pode ser de plástico ou porcelana - que fica escondido dentro da torta. O felizardo e sortudo que encontra a "fève", tem o direito de ficar com a coroa de rei, feita de papel, biên sûr!
E em fevereiro, mais precisamente no dia dois, comemora-se a Chandeleur, que é a festa, a comilança do crepe!
Chandeleur vem da palavra chandelle e esta, por sua vez, vem da expressão latina "candelarum". No culto católico religioso – seguido pelos mais antigos, acredito - a festa da candelária é aquela onde as velas são acesas à meia noite para simbolizar a purificação de Cristo.
Claro que por trás da tradição religiosa, tem a historia e origem pagã… Entre os romanos, a tal da “Lupercalia” era comemorada no dia 15 de fevereiro, inspirada nos festivais “Lupercus”, deus da fertilidade e dos rebanhos. Já os antigos celtas festejavam o Imbolc no dia primeiro de fevereiro. Eles comemoravam a purificação e a fertilidade decorrentes do fim inverno.
Tochas eram acesas e campos eram percorridos em procissão, para que a terra, o solo fosse purificado antes da semeadura. Mais tarde a Igreja Católica tratou de substituir as tochas pelas luzes das velas acesas dentro das igrejas. Isto lembraria Cristo como sendo a luz do mundo. O rito pagão ganhou o nome de Purificação da Virgem.
E o crepe? Onde é que entra nessa historia toda?
O crepe tem a forma arredondada e sua cor dourada lembraria o sol. Talvez esteja ai a explicação para que eles sejam feitos justamente no dia dois de fevereiro, momento do ano no qual os dias – ainda bem! – começam a ficar mais longos.
Há esperança de que o sol voltará a brilhar. É igualmente nesta época do ano onde começariam as semeaduras das futuras plantações. Serve-se da farinha armazenada para fazer os crepes, que simbolizariam a prosperidade do ano que vira pela frente.
Evidente que, nos dias atuais, o ritual pagão e católico serve para explicar o significado e o contexto histórico da palavra Chandeleur. Entretanto, hoje, o que importa, é comer um bom crepe! Doce ou salgado, recheado ou não, o dia não pode passar em branco!
Se você quiser ter um dia bem afrancesado na sua casa, pode arriscar nessa receita ultra básica:
• 250 g de farinha
• 3 ovos
• 1/2 pacote de fermento (equivalente a uma colher de sobremesa)
• 1 pitada de sal
• 1/2 litro de leite
• 3 colheres de sopa de água (para dar mais leveza à massa)
Modo de fazer:
• Misture a farinha e o fermento dentro da saladeira
• Acrescente os ovos, um a um
• Acrescente o sal
• Misture esses ingredientes com a ajuda de um fouet
• Acrescente o leite e a água aos poucos e termine de misturar os ingredientes com a ajuda de uma batedeira, assim a massa ficará leve e aerada
• Aqueça a frigideira com um pouco de óleo ou manteiga
• Com uma concha (dessas de feijão) despeje a massa no centro da frigideira até ficar um redondo uniforme
• Tome o cuidado para que a massa não fique grossa
E, o delicioso resultado será este:
Bon appetit, bonne Chandeleur!
Ana Paula - Nasceu em Curitiba mas o trabalho a levou a Brasilia, cidade que ama. Conheceu o marido, que ja morava em Paris, apaixonou-se e aceitou viver uma outra vida. Foi a maior e melhor mudança que poderia ter lhe acontecido. É mãe de uma menina linda e esperta e escreve o Journal de Béatrice - www.journalbebe.blogspot.com
Como vc disse Ana Paula o crepe é que conta ;o)))) Vou testar a receita. Bjos
ResponderExcluirHumm, pode testar, aqui em casa foi aprovada!
ExcluirTem varias versões de receitas de crepes, esta dai é bem facil e os filhos também podem ajudar!
Beijinho
P.S. Ana Paula: tenti comentar lá no blog sobre as pinturas de cotonetes que eu AMEI, mas nao consegui :o/ aquelas letrinhas me deixam louca ;o))) Bjos
ResponderExcluirVou ver o que acontece la no blog! Obrigada Claudinha : )
ExcluirRealmente, domingo foi o dia do crepe! Além de comermos em casa, ainda fomos convidados para comer mais um pouco na casa dos vizinhos. E eu acho que o crepe tem tudo a ver com a memoria gustativa dos franceses, pois eles se regalam, como crianças! Adoram crepes... E nos também!
ResponderExcluiraiiii q vontade de crepe!! rs!
ResponderExcluirHumm, boa oportunidade para testar a receitinha! Aqui em casa faço muito!!
ExcluirBeijinho
Com tanta informação dessas os meus crepes ficarão mais deliciosos.Adoro histórias. Até porque sempre é um motivo para compartilhar nas refeições.
ResponderExcluirBonne Chandeleur!
Eu acho muito interessante a origem das comemorações, os ritos pagãos, das civilizações antigas. Pura historia (rica e conectada com o ritmo da natureza) e importante para entendermos as substituições que a igreja catolica tratou de impor.
ExcluirBeijinho
Huuuuummmmm delícia! Adoramos também... Beijos
ResponderExcluirCeli,
ExcluirCrepe no lanchinho dos meninos num domingo à tarde é tudo de bom!! Pode testar!!
Beijinho