quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Quem conhece a gaita já sabe quem tá chegando...

O Uri, meu filho que acaba de completar 2 anos, já tem uma grande paixão: o Júlio, personagem principal do Cocoricó, programa exibido pela TV Cultura.

Tamanha paixão tem um culpado: a mãe. Eu sempre gostei do programa, acho que é de uma qualidade incrível, tem humor sem ser bobo, ensina (muito) sem ser chato, não “emburrece” nem infantiliza as crianças. Assim, a mãe preocupada com o Português do pequeno israelense (e com a qualidade do que ele assiste), sempre soube que iria apresentar a turma do Paiol pra ele.

Quando ele fez um aninho, ganhou uns DVDs do Cocoricó de uma amiga brasileira aqui em Israel, cujos filhos nunca deram atenção a eles. E foi amor à primeira vista. Tão pequeno, o Uri olhava fascinado pra TV, dançava com a música de abertura e chorava quando colocávamos qualquer outro DVD, pra minha alegria e a do meu marido, que se rendeu aos encantos da turminha também.

O Júlio virou Lúlio (e continua sendo até hoje) e foi o primeiro nome que o Uri aprendeu na vida. Não foi o do pai, o da mãe ou de algum amigo da creche, foi o do Lúlio.

E aí que quase um ano depois, viajamos, eu e ele, pro Brasil. Desde que marquei a passagem, comecei a procurar na internet o calendário de shows do Cocoricó, pois queria muito levar o Uri pra conhecer os ídolos ao vivo, eu sabia que ele adoraria e me emocionava só de pensar na carinha dele quando anunciassem “Quem conhece a gaita já sabe quem tá chegando...

Não achando nenhuma programação de shows, e com a data da viagem chegando, resolvi ser cara de pau e escrever pra TV Cultura. Perguntei se eles poderiam me informar quando haveria show em São Paulo ou na região de Campinas e que, no caso de não haver mais shows, perguntei se poderia ir com o Uri conhecer os estúdios do paiol (mãe, essa cara de pau!). Algumas horas depois, recebi um email muito atencioso de um funcionário, o F.(vamos manter a privacidade dele, né?), dizendo que os shows foram realmente cancelados (o contrato acabou e não foi renovado) e que ele averiguaria a possibilidade de visitarmos as gravações do programa.

Viajamos pro Brasil e com a correria toda de se viajar com um bebê sozinha por tantas horas, acabei esquecendo do Lúlio, do Cocoricó, da TV Cultura e de várias outras coisas. Mas qual não foi minha surpresa ao abrir meus emails, já em Campinas, e ver uma mensagem do F. dizendo que poderíamos sim visitar o estúdio!

O próximo passo foi descobrir como chegar lá, tanto o endereço, como o meio de transporte, pois iríamos pra São Paulo na semana seguinte, mas sem carro – e cá pra nós, São Paulo não é uma cidade muito fácil de se circular, ainda mais com bebê e sem carro.

Mas como eu tenho as melhores amigas do mundo, um esquema tático foi armado e conseguimos! Estávamos hospedados na casa de uma amiga, na zona sul da cidade. Outra amiga querida, a Fernanda, veio nos buscar e nos levou pra um shopping do outro lado da cidade, que ficava bem perto da Água Branca, onde fica a TV Cultura. Como a Fernanda tinha que trabalhar à tarde, outra amiga, a Karina, veio nos buscar nesse shopping e nos acompanhou até o paiol (e foi a melhor compania que poderiamos ter escolhido pra isso).

Como nada poderia ser tão simples assim, quando saímos do shopping, pra passar a cadeirinha de bebê do carro de uma pro da outra, descobrimos que não tínhamos anotado em qual estacionamento a Fernanda tinha deixado o dela! Sim, foi um erro primário, que nos resultou em 40 minutos de busca do carro perdido, e um pouco de aflição, pois a gravação já estaria começando, mas não perdemos o bom humor.

Outra aventura foi encontrar a TV Cultura! O GPS da Karina se perdia, andava em curvas, errava tudo. Achei um mapa da região no meu celular e conseguimos! Chegamos à Cultura às 3:30, as gravações terminariam em meia hora. Ainda tivemos que esperar a liberação do estacionamento, esperamos o F. nos encontrar e lá fomos nós!

Fomos orientadas a não tirar fotos dos bichos “mortos” (sem o manipulador) e a manter o silêncio, afinal, eles estavam gravando. Munidas de chupeta, biscoito polvilho e muita reza pra manter o Uri quietinho e não atrapalhar, sentamos atrás de um monitor. Ele até que ficou em silêncio durante a gravação da primeira cena, sem entender muito o que acontecia, já que os personagens estavam gravando numa parte que a gente não podia ver do estúdio e ele estava assistindo na “televisão”, como em casa. Mas era pedir demais que um menino tão pequeno, perto dos seus ídolos, não ficasse emocionado e não começasse a demonstrar isso. Na gravação da segunda cena ele se agitou, falou, apontou... Resolvemos esperar lá fora então.

Esperamos pouco, uns 10 minutos apenas, tempo suficiente pra conversar um pouco com o F., agradecer umas 800 vezes pela atenção e ainda, de quebra, ganhar um pacote cheinho de presentes do Cocoricó – um DVD, um jogo, um livro pra colorir, adesivos.

Logo nos chamaram de volta ao estúdio e o Uri foi recebido pelo seu amigão – O Lúlio! A emoção era tanta que ele nem reparou no Fernando Gomes, o manipulador do boneco. Ele olhava encantado, extasiado, apaixonado. Confesso que, antes de chegar, tive um pouco de medo da reação dele ao ver as pessoas manipulando os bonecos, não queria estragar a fantasia dele, mas a verdade é que ele estava tão encantado que realmente não percebeu.

Fomos recebidos com muito carinho, principalmente o Uri. Fizeram questão de conversar com ele, tirar fotos no cenário, receber e dar beijos. Na saída, a mãe aqui ainda pediu um autógrafo pro Lúlio, pra guardar pra posteridade.

Se eu já gostava do Cocoricó, hoje eu sou fã fervorosa. Aliás, não só dele, mas dos manipuladores e dos funcionários da TV Cultura. Fomos recebidos, desde o primeiro email enviado, até o porteiro dos estúdios, com uma atenção e simpatia incomparáveis. A minha fiel escudeira Karina e eu ficamos impressionadas com tanto carinho! Se nos tivessem deixado apenas conhecer o estúdio vazio, se tivessem somente tirado fotos com a gente, já teria bastado. Mas fizeram muito mais do que isso. Realizaram, com muita ternura, o sonho que um menininho nem sabia que tinha! E deixaram uma mãe extasiada... Com a sensação de que ela tem sim super poderes e que sempre vai fazer o impossível pra ver esse sorriso no rosto do filho... 






E aqui vão dois videos curtinhos e cortados, mas a emoção e a surpresa eram tamanhas que ninguém raciocinava direito:








Luciana Almeida Tub - Nascida em São Paulo, viveu em Campinas e há 7 anos mora em Israel. Casada com um uruguaio e mãe do Uri, que nasceu em fevereiro de 2011. No seu blog, conta um pouco da vida de uma mãe em Israel: http://maeemisrael.blogspot.co.il/

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Volta às aulas e as "carátulas"



Semana que vem começam as aulas aqui em Mendoza e chegou a hora de preparar o material escolar, o uniforme, ir a reuniões ... Quando eu era estudante adorava essa época do ano: ter os materiais novos, forrar os livros, por nome em tudo e ter as coisas prontas para o primeiro dia de aula.
Agora, curto esta época por conta dos meninos. Até o ano passado a escola cobrava uma taxa para comprar os materiais mas, agora, no ensino fundamental, os pais têm que por a mão na massa e, além de comprar os materiais, deixar tudo conforme as exigências da escola, que não são poucas. E foi assim que uma palavra que eu ouvia da minha mãe no começo das aulas: carátula, mas cujo significado eu nem me lembrava, voltou a existir.
Carátula pode ser a capa de um DVD, um CD, mas é também folha de rosto. E o que isto tem a ver com o início das aulas? É que aqui na Argentina os alunos têm que fazer uma folha de rosto nos cadernos - nada de usar a folha de rosto que já vem pronta e que por vezes separa as matérias. Em geral, os estudantes fazem um desenho ou colam adesivos e com sua melhor letra colocam seus nomes, a disciplina, a série, o nome da professora e o ano letivo. No caso dos menores, o trabalho é feito pelas mães (talvez algum pai) e confesso que passei algumas horas pensando em como iria fazer as seis carátulas mais a capa para a pasta de artes.
A solução veio quando me lembrei de um livro com várias ideias de atividades para fazer para e com as crianças. Eu não precisei voltar a desenhar – já pensou depois de vinte anos? E ainda por cima dava para o Guilherme ajudar. Do fundo do armário tirei a caixa com as coisas de scrapbooking, no caminho peguei umas revistas e aos poucos os cadernos foram sendo personalizados com colagens simples e divertidas de fazer. Depois foi só forrar os cadernos com o indefectível papel araña (um papel que vem em várias cores, bem mais grosso que o papel havana, levemente plastificado e que tem a textura de teias de aranha e pequenas aranhas). O caderno de música é forrado com papel fantasia, assim como o bloco de desenho.

Papel Aranha, as cores mais comuns são as básicas, mas existe em roda, lilás, preto, branco

Cadernos forrados, o papel fantasia escolhido garante exclusividade
 
Agora, é só esperar o primeiro dia de aula e levar tudo para a escola e torcer para ter acertado a mão com as carátulas pois aparentemente as professoras avaliam o capricho com que elas são feitas (e sim, elas sabem que normalmente são feitas pelas mães).

Carátulas prontas
Algumas curiosidades sobre o inicío das aulas no colégio do Guilherme e de muitas escolas aqui em Mendoza:
- as reuniões com os pais em geral são na semana que antecede a volta às aulas e é quando oficialmente explicam para os novatos sobre os uniformes, os materiais entre outras coisas, que nessa altura do campeonato já estão ou deveriam estar prontos. A reunião da 1a. série vai ser depois do início das aulas (!);
-  não existe um dia para entregar os materiais, como em muitas escolas no Brasil, no primeiro dia de aula as crianças têm que levar tudo;
- a lista de materiais comuns é bastante polêmica, principalmente pela quantidade de papel que pedem (nem se compara com o que algumas escolas pedem no Brasil);
- este ano a lista inclui uma fantasia para folclore, mas ainda não recebemos os detalhes.
 E pelo mundo, quais as curiosidades do início das aulas e as escolas?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Já comeu sopa com aranhas?

Calma, não precisa fazer cara de nojo, a sopa é de verdade mas as aranhas não! 

Quer dizer, depende da imaginação do seu filho. Aqui em casa eles já sabem, sopa de tomate tem sempre aranha, feitas pelas pequenas mãozinhas da Julia.





Quer fazer uma sopa monstruosa? É fácil, você vai precisar dos seguintes ingredientes: 

- 300 gr. de almôndegas pequenas 

- espaguete 

- sopa de sua preferência (tem que ser cremosa)




Para as almôndegas: 

- 300 gramas de carne moída 

- 2 colheres de sopa de farinha de rosca 

- 1 ovo 

- 1 dente de alho espremido 

- 1 colher de sopa de salsinha picada 

- sal e pimenta a gosto 

Misture todos os ingredientes. Quando obter uma massa uniforme, unte as mãos com óleo e faça bolinhas pequenas.



Quebre o espaguete cru ao meio e chame as crianças para ajudar! Peça que elas espetem as almôndegas com o espaguete. Coloque 3 a 4 espaguetes em cada almondega. Cozinhe as almôndegas com a sopa durante 10 minutos.


Sua sopa está pronta e cheia de aranhas! ;-) 










Ana Paula Risson - Paulistana que há 10 anos se apaixonou por um holandês e pela Holanda. Sua história de amor segue há 9 anos em Amsterdam. Casou com o tal do holandês e hoje tem dois filhos lindos: a Julia e o Miguel. Como adora escrever, resolveu criar um blog para dividir a vida holandesa www.deunhafeita.blogspot.com


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Pequenas mudanças que fazem toda a diferença



As últimas semanas têm sido marcadas por comentários sobre a alimentação infantil na blogosfera materna no Brasil. O documentário Muito Além do Peso tem promovido uma saudável discussão e tem servido de alerta a muitas famílias que achavam que a alimentação em casa estava em dia e que liberar doces e guloseimas para as crianças era parte da infância. Pois bem, estou vibrando com esse burburinho, porque já era hora das pessoas saberem um pouco mais sobre açúcar invertido (xarope de milho), conservantes, corantes, aromatizantes, gorduras e produtos industrializados que estão na despensa da maioria dos lares! Eu sou meio entusiasta desse assunto já faz alguns anos, mas evito ficar falando sobre isso o tempo todo porque não quero ficar parecendo uma chata (pelo menos não logo de cara…).

Aqui em casa as mudanças na nossa alimentação começaram ainda no Brasil, muito antes da Isabella nascer. Me interessei pelo assunto porque queria uma alimentação mais saudável e porque realmente acredito que somos o que comemos. Comecei lendo um livro e depois outro e depois outro… E não parei mais. Ainda não acho que estejamos no ideal, mas hoje vejo o quanto comemos com muito mais qualidade e como isso tem feito a diferença no nosso estilo de vida e na nossa saúde.

Pois bem, toda essa enorme introdução para compartilhar aqui algumas dicas simples de mudanças que funcionaram por aqui e que todo mundo pode tentar em casa, aos poucos e em família.

Orientações gerais:

- Comer bem não tem nada a ver com produtos diet ou light. Uma boa alimentação envolve aquilo que é comida de verdade, saborosa e passando por todos os grupos alimentares (incluindo até sobremesa, claro!).

- Para saber o que deve ser maioria no seu carrinho de supermercado, procure aquilo que realmente for comida, que tenha poucos ingredientes, que você saiba o que significam. Por exemplo: frutas, carne, leite e frutas são comida. Um pacote de bebida láctea a base de ingredientes e corantes naturais (o que quer que isso signifique) é só um monte de produtos químicos. O melhor é escolher algum iogurte natural e adoçar com mel ou frutas em casa mesmo.

- Aprenda a ler os rótulos dos produtos que você compra. No começo é chato, leva tempo, mas aprenda a identificar que açúcar invertido (corn syrup / xarope de milho), óleo de palma, excesso de sódio, glutamato monossódico, conservantes, corantes e aromatizantes em geral estão em sua maioria ligados a problemas de saúde a curto e longo prazo.

- Prazos de validade longos em alimentos processados são um sinal de alerta… Comida estraga! Se há algo que tem um prazo de validade muito longo, adivinhe o que tem lá dentro? Um monte de conservantes para fazer aquilo durar mais tempo.

- Aprenda a tirar proveito do seu congelador ou freezer. Eu sei que cozinhar dá trabalho e a maioria das pessoas não cozinha em casa todos os dias, mas o resultado final é sempre muito melhor do que qualquer comida pronta. Então, quando for para a cozinha, já faça logo algo em quantidade, justamente para congelar o que sobrar e ter outra refeição pronta a mão quando estiver sem tempo.

- Dê uma olhada na lista dos ingredientes para saber o que está comprando. O primeiro ingrediente listado nos rótulos é aquele que está presente em maior quantidade no produto. Então, se estiver na dúvida e ler que a primeira coisa que aparece é algum açúcar, abra o olho.

- Descubra as feiras do seu bairro. O Brasil é privilegiado e é possível encontrar frutas e legumes frescos em todas as estações. Nas feiras dá para comprar produtos locais por um bom preço em um ambiente envolvente!

Algumas substituições simples de serem feitas:

- Troque o salgadinho industrializado por pipoca. Não aquela de microondas, mas pelo milho que você estoura na panela ou na pipoqueira. Vale até temperar com algo diferente, como parmesão ou manteiga.

- Troque o iogurte processado por iogurte natural. Mas leia o rótulo, porque algumas marcas acrescentam espessantes e gelatina a algo que deveria ser só leite e culturas bacterianas… Deixe para incrementar seu iogurte em casa, o sabor é muito melhor e você já se livra de um monte de besteiras.

- Outras boas opções de lanches são castanhas, frutas, passas e queijos.

- Troque o refrigerante e os sucos de caixinha por água, chás ou sucos feitos em casa.

- Arrisque fazer em casa algumas opções tradicionalmente artificiais como nuggets de frango (muito simples de ser feito com peito de frango e farinha de rosca), sorvete, picolés, geleias e pães (aqui usamos bastante a máquina de fazer pão). Você pode se surpreender como o processo é mais simples do que você imagina e o resultado é muito mais saboroso.

- Troque a margarina por manteiga. Margarina não serve para absolutamente nada… É é um daqueles produtos que entra na categoria dos que não estragam. Pense bem, se você deixar um pote de margarina aberto por meses na sua casa, nada vai acontecer… Nem mesmo uma mosca vai querer chegar perto. E você vai comer isso para quê?

- Troque os chocolates recheados e confeitados por chocolate ao leite puro ou chocolate amargo. Eu sou uma chocólatra assumida, mas já percebi que normalmente o chocolate puro é muito mais gostoso.

- Troque o cereal matinal cheio de açúcar das crianças pelas versões naturais e deixe para adoçar em casa, se for o caso.

- Para quem tem crianças que não comem verduras e legumes: aprenda a enriquecer os pratos, para as crianças irem provando aos poucos. Um pouco de abobrinha ralada e espinafre no omelete, brócolis ou cenoura ralada no arroz, beterraba ou abóbora no feijão e aos poucos vamos mudando o paladar!

Bem, o assunto é muito extenso e eu não quero que o texto fique mais longo do que já está. Mas que tal vocês compartilharem algumas dicas de alimentação aí nos comentários?


Esse texto foi recentemente publicado pela Patrícia, no blog Patitanto. A Patricia mora no Canadá, tem uma filha linda e está esperando seu segundo bebê. É com uma mistura de alegria e drama que vem descobrindo a realidade da vida de mãe, esposa e imigrante em um país que ama e cada dia sente como um pouco mais seu.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O que fazer com as crianças em fevereiro... no Canadá!

Por diversos motivos - de férias coletivas a inverno brabo -, não conseguimos fazer a Blogagem Coletiva de janeiro, mas a Adriane Jungues, uma das nossas mais novas colaboradoras, fez um texto tão bacana que vale ser publicado hoje. Substituímos janeiro por fevereiro (afinal, o clima é o mesmo, se não mais frio). Enquanto no Brasil, mães e crianças estão no auge do calor, se preparando para o maior ziriguidum neste Carnaval, no Canadá a vida está assim:



Neste mês o assunto não podia ser mais oportuno: o que fazer com as crianças em fevereiro?
No meu caso, com a nossa Alice com quase 16 meses, este mês, além de significar frio do caramba, neve e dias curtos, significa energia, habilidade de correr e entusiasmo sem fim.

Tem dias que eu fico em casa mesmo. Não tem como ir ao parquinho aqui perto de casa ou passear pelo bairro de carrinho, além do frio, a neve acumulada no chão deixa o trajeto incirculável. Tento diversificar as atividades com ela aqui por casa mesmo, brincamos um pouco ali, um pouco lá, tento fazer algumas coisas úteis enquanto ela assiste um pouco de TV, ela brinca com o tablet (É! Já!!) e por aí vamos.

Em outros dias, saio de casa com a temperatura que tiver, mesmo que seja como os -18ºC desses dias... Nas quintas-feiras é dia sagrado de piscina. Alice adora e é uma excelente forma dela se exercitar e de distrair. Senão, vou pro mercado e deixo ela circular, vou para o shopping ou pros playgrounds do Mc Donald's (que são gratuitos e garantem uma meia hora de entretenimento no momento). Queremos também adquirir um trenó para puxar dona Alice bairro afora (logo...), mas enquanto isso levamos ela lá fora pra se acostumar com a neve, fazemos de conta que ela está nos ajudando a tirar a neve da frente de casa...



Quando Alice crescer um bocado, poderemos explorar os playgrounds internos que existem aí por Ottawa e Gatineau. Eu ainda não fui, mas inverno que vem serão testados com certeza. Também poderemos esquiar, patinar e as praticar as demais atividades das famílias canadenses.

Enquanto estamos limitados nas atividades ao ar livre, olha o que a gente acaba inventando:



Adriane Jungues - Casada, mãe da pequena Alice, mora no Canadá desde 2006. Após uma temporada em Ottawa, hoje mora em Gatineau, Quebec. Escreve o http://newhomecanada.blogspot.ca

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

2 de Fevereiro foi dia de... crepe! Chandeleur e as tradições francesas


Os franceses seguem um curioso ritual gastronômico após as festas de Natal. Em janeiro, em razão do Dia de Reis, come-se a galette de Rois, que é uma espécie de torta de massa folhada recheada com pasta de amêndoas, a frangipane. Fizemos várias galettes durante o mês de janeiro e nos divertimos para ver quem pegaria o pedaço que continha a “fève”, que é um brinquedinho – que pode ser de plástico ou porcelana - que fica escondido dentro da torta. O felizardo e sortudo que encontra a "fève", tem o direito de ficar com a coroa de rei, feita de papel, biên sûr!

E em fevereiro, mais precisamente no dia dois, comemora-se a Chandeleur, que é a festa, a comilança do crepe!

Chandeleur vem da palavra chandelle e esta, por sua  vez, vem da expressão latina "candelarum". No culto católico religioso – seguido pelos mais antigos, acredito - a festa da candelária é aquela onde as velas são acesas à meia noite para simbolizar a purificação de Cristo.

Claro que por trás da tradição religiosa, tem a historia e origem pagã… Entre os romanos, a tal da “Lupercalia” era comemorada no dia 15 de fevereiro, inspirada nos festivais “Lupercus”, deus da fertilidade e dos rebanhos. Já os antigos celtas festejavam o Imbolc no dia primeiro de fevereiro. Eles comemoravam a purificação e a fertilidade decorrentes do fim inverno.

Tochas eram acesas e campos eram percorridos em procissão, para que a terra, o solo fosse purificado antes da semeadura. Mais tarde a Igreja Católica tratou de substituir as tochas pelas luzes das velas acesas dentro das igrejas. Isto lembraria Cristo como sendo a luz do mundo. O rito pagão ganhou o nome de Purificação da Virgem.

E o crepe? Onde é que entra nessa historia toda?



O crepe tem a forma arredondada e sua cor dourada lembraria o sol. Talvez esteja ai a explicação para que eles sejam feitos justamente no dia dois de fevereiro, momento do ano no qual os dias – ainda bem! – começam a ficar mais longos.

Há esperança de que o sol voltará a brilhar. É igualmente nesta época do ano onde começariam as semeaduras das futuras plantações. Serve-se da farinha armazenada para fazer os crepes, que simbolizariam a prosperidade do ano que vira pela frente.

Evidente que, nos dias atuais, o ritual pagão e católico serve para explicar o significado e o contexto histórico da palavra Chandeleur. Entretanto, hoje, o que importa, é comer um bom crepe! Doce ou salgado, recheado ou não, o dia não pode passar em branco!

Se você quiser ter um dia bem afrancesado na sua casa, pode arriscar nessa receita ultra básica:

250 g de farinha
3 ovos
1/2 pacote de fermento (equivalente a uma colher de sobremesa)
1 pitada de sal
1/2 litro de leite
3 colheres de sopa de água (para dar mais leveza à massa)
Modo de fazer:
Misture a farinha e o fermento dentro da saladeira
Acrescente os ovos, um a um
Acrescente o sal
Misture esses ingredientes com a ajuda de um fouet
Acrescente o leite e a água aos poucos e termine de misturar os ingredientes com a ajuda de uma batedeira, assim a massa ficará leve e aerada
Aqueça a frigideira com um pouco de óleo ou manteiga
Com uma concha (dessas de feijão) despeje a massa no centro da frigideira até ficar um redondo uniforme
Tome o cuidado para que a massa não fique grossa

E, o delicioso resultado será este:


Bon appetit, bonne Chandeleur!

Ana Paula - Nasceu em Curitiba mas o trabalho a levou a Brasilia, cidade que ama. Conheceu o marido, que ja morava em Paris, apaixonou-se e aceitou viver uma outra vida. Foi a maior e melhor mudança que poderia ter lhe acontecido. É mãe de uma menina linda e esperta e escreve o Journal de Béatrice - www.journalbebe.blogspot.com